A Sony aparentemente não tem interesse em retornar ao mercado de consoles portáteis. Entenda o motivo!
O popular PlayStation já completou 27 anos de existência. Criado nos anos 90, o console de videogames está na quinta geração e continua a se destacar na comunidade gamer, mesmo diante de fortes competidores.
Em compensação, a Sony não tem interesse em retornar ao mercado de consoles portáteis – dominado pelo Nintendo Switch – muito embora tenha investido no segmento até 2019. Você conhece a história da marca nesse ramo?
A companhia deixou para trás um legado de dois dispositivos que, juntos, receberam quase 3 mil títulos e ainda podem oferecer muitas horas de diversão: PSP e PS Vita.
A Sony entrou no mercado de consoles portáteis em dezembro de 2004 (10 anos após o lançamento do primeiro PlayStation), quando lançou o PlayStation Portable, mais conhecido pela sigla PSP.
O início de tudo
A princípio, a Sony tinha grandes planos para o PSP. A ideia era fazer com que o console portátil se transformasse no “Walkman do século XXI” produzisse gráficos 3D sofisticados que não deixavam muito a dever ao console de mesa da época, o PlayStation 2, além de músicas e vídeos.
Tecnicamente o PSP era muito superior ao seu principal concorrente, o Nintendo DS. Tinha um processador mais rápido (333 MHz), mais memória RAM (32 MB) e uma tela maior com resolução mais alta (480 × 272 pixels e 4,3 polegadas).
Além disso, o console contava com os discos UMD (Universal Media Disk), formato proprietário desenvolvido pela Sony, capaz de armazenar até 1,8 GB (uma imensidão numa época em que um cartão de 16 MB era “grande”) e usado para jogos e filmes.
Mesmo assim, a Sony se viu ultrapassada pela Nintendo e sua engenhosidade. Embora tivesse hardware mais “fraco”, o DS oferecia experiências cativantes com duas telas (uma delas sensível ao toque) e um catálogo de clássicos como Mario, Zelda e Pokémon.
Em sua vida útil, o Nintendo DS vendeu 154 milhões de unidades, quase o dobro do PSP. Mas isso não quer dizer que o portátil da Sony tenha sido um completo fracasso, muito pelo contrário: foi o quarto portátil mais vendido na história (atrás do Nintendo DS, Gameboy e Gameboy Advance) e conquistou um público fiel.
Várias versões
O Sony PlayStation Portable passou por várias revisões. O modelo original é o PSP-1000, também conhecido como “PSP Fat”, pois é o mais “gordinho” entre os modelos. O PSP-2000, também conhecido como “PSP Slim”, surgiu em 2007 com dimensões mais finas e leves, além do dobro de memória RAM (64 MB) em comparação com a primeira geração.
Um ano depois foi a vez do PSP-3000, também apelidado de “PSP Brite”, devido à tela mais brilhante e com cores mais nítidas. Os principais destaques deste modelo foram um microfone integrado e uma saída de vídeo, que permitia ligar o PSP a uma TV usando um cabo Vídeo-Componente.
Mais um ano, mais um modelo do PSP. Em 2009, surgiu o PSP Go (N1000), um redesenho completo do console. O portátil tem controles deslizantes que se escondem atrás da tela, mas não tem leitor para os discos UMD; a única forma de adquirir jogos era digitalmente, através de downloads na PlayStation Store.
O modelo final foi o PSP-E1000, também apelidado de “PSP Street”. Foi um modelo de baixo custo, sem Wi-Fi, saída de vídeo ou microfone e com alto-falante mono, lançado apenas na Europa em 2011. O design era similar ao do PSP-3000, mas com um acabamento de plástico fosco na cor preta.
Jogos populares
O catálogo de jogos do PSP conta com mais de 1.370 títulos lançados ao longo de 10 anos, e franquias como Tekken, Street Fighter, Ace Combat, Ridge Racer, Metal Gear, Need for Speed e God of War.
Com tantos jogos, fica difícil eleger os melhores ou os que tiveram mais destaque. O jogo mais vendido foi Grand Theft Auto: Liberty City Stories, com mais de 7,6 milhões de cópias vendidas. Mas talvez os jogos que mais simbolizem o PSP são LocoRoco e Patapon.
PlayStation Vita
Pulando para dezembro de 2011, a Sony decidiu parar de lançar atualizações do PSP e focar em um sucessor. Assim surgiu o PlayStation Vita, concorrente direto do Nintendo 3DS.
A Sony apostou novamente em um hardware mais poderoso para se destacar no mercado, entregando processador quad-core ARM Cortex A9 de 444 MHz, GPU PowerVR SGX 543MP4+, 512 MB de RAM, 128 MB de memória de vídeo, tela OLED de 5 polegadas com resolução de 960 × 544 pixels e duas câmeras de 0,3 MP (uma frontal e uma traseira).
Nos controles, a Sony adicionou um segundo direcional analógico, acelerômetro, giroscópio e um painel sensível ao toque na traseira, que mais tarde seria adotado no DualShock 4 do PlayStation 4.
Os jogos do PlayStation Vita eram distribuídos em pequenos cartões de memória proprietários em vez de discos UMD. O console conta com um slot para os chamados PS Vita Memory Cards, com capacidades que vão de 4 a 64 GB.
Ao chegar no mercado, o Vita vendeu bem: na primeira semana no Japão foram 300 mil unidades, nos EUA foram mais 200 mil. Nas semanas seguintes, porém, as vendas caíram drasticamente e estancaram em uma média de 10 mil unidades por semana em ambas as regiões – uma quantidade muito menor que a esperada pela Sony.
Principais jogos
O Vita foi lançado com títulos como Uncharted: Golden Abyss, FIFA 12 e Rayman Origins. Ao longo de 2012, o console recebeu jogos das séries Call of Duty, Assassin’s Creed e Little Big Planet.
No entanto, as vendas fracas espantaram os grandes desenvolvedores, o que favoreceu para a diminuição de lançamentos. Sem grandes títulos para atrair os consumidores, as vendas sofreram e um ciclo vicioso tomou forma.
Empresas como Ubisoft e Activision reduziram o apoio ao console, enquanto outras, como a Capcom, decidiram migrar franquias de sucesso de forma exclusiva para o Nintendo 3DS. Por fim, a própria Sony negligenciou o PS Vita e em 2013 começou a sinalizar uma “mudança de foco”, se concentrando no PlayStation 4.
O Vita foi posicionado como um acessório que permitiria ao jogador aproveitar títulos do PS4 através do sistema Remote Play. Em 2015, a empresa já sinalizava que não iria mais produzir jogos próprios para o console portátil.
A situação só não foi pior porque, no Japão, onde há uma preferência por consoles portáteis, desenvolvedoras locais continuaram a suportar o Vita. RPGs populares acabavam sendo traduzidos e lançados no Ocidente, dando um pouco de fôlego ao console. Bons exemplos são Persona 4 e Odin Sphere, e uma boa coletânea da série Metal Gear.
Ainda assim há bons jogos para o Vita, que no total conta com um catálogo de mais de 1.500 jogos. Entre eles, muitos são categorizados como “indies”, ou seja, foram desenvolvidos de forma independente. Podemos citar os títulos Spelunky, La Mulana EX e Rogue Legacy.
Tudo indica que a Sony não voltará a se aventurar no mercado de consoles portáteis. A empresa deve seguir investindo em aparelhos com hardware de alto padrão, como vemos no recente PlayStation 5, enquanto a Nintendo toma conta dos jogos que podem ser levados a qualquer lugar. Só o tempo dirá se essa tendência mudará.
Você já experimentou jogar com um PS Vita ou PSP? Qual a sua opinião sobre consoles portáteis? Conte nos comentários!